Mostrar mensagens com a etiqueta Bicicleta dell'Arte. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Bicicleta dell'Arte. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, junho 19, 2014

Estudante, vem devagar

Texto originalmente publicado na revista B - Cultura da Bicicleta nº7, de Junho 2013.
 
Ponte móvel em Roterdão, Holanda

Estudante, vem devagar
Uma história sobre como voltar de Erasmus sem dar por isso, atravessando a Europa de bicicleta.
 
O programa Erasmus que se popularizou nas últimas décadas tem dado a jovens universitários a possibilidade de viver até um ano fora do seu país e desfrutar da vida como se não houvesse ano seguinte. Filmes como A Residência Espanhola celebrizaram esse período quase sabático mostrando como é bom, por vezes, estar longe da família e das redes de proximidade, sentir-se livre e evitar confrontos constantes com o que é expectável de cada um. O Erasmus vem com prazo definido, para deixar claro desde o início que a vida louca e boa não durará para sempre, por mais que se tente prolongá-la um pouco mais. Foi enquanto tentava adiar o regresso que decidi voltar da Dinamarca em bicicleta, no verão de 2005. A história que aqui conto começa no fim desse ano vivido fora e é sobre um regresso demorado, cheio de pressa de viver.

Depois de 11 meses passados a absorver informação nova a um ritmo quase diário, o meu cérebro acabou por se habituar a esse frenesim e terá achado que seria um desperdício voltar de avião, perdendo a oportunidade de ver cá em baixo tudo o que existe entre aeroportos. Atravessar a Europa de bicicleta pareceu-me, então, a solução para os meus problemas. Havia feito dois anos antes uma travessia semelhante, aproveitando as vantagens de um outro programa europeu, o Interrail, e ficara-me a ideia de que a densidade habitacional deste continente deixava no terreno e na paisagem a sensação de quase nunca estarmos sozinhos ou isolados, fazendo desta travessia em solitário algo menor que uma aventura.

Estrada nacional na Dinamarca que segue até à fronteira com a Alemanha

A Europa não tem o exotismo de outras paragens, sobretudo para um europeu, mas atravessá-la de bicicleta, imbuído num espírito de união fraterna entre nações e povos irmãos, que à época estava muito em voga, transportava em si uma ideia de road trip num contexto que nunca se torna muito distante das nossas referências – tudo tem um termo de comparação relativamente fácil e imediato, tudo se assimila facilmente deixando o viajante disponível para outras aventuras que não esbarrem no primeiro e mais elementar desafio de interpretação cultural. Além disso, um ano passado em Erasmus faz-nos criar uma rede de amigos espalhados pelo continente e esta viagem serviu também para visitá-los nas suas cidades de origem.

Tenho que ser honesto: a viagem não foi ultra bem planeada, não era isso que procurava naquele momento. Em vez de rotas cuidadosamente estudadas, locais de dormida e refeições, o que me apetecia era pegar na bicicleta e voltar para casa como se voltasse do trabalho. Uma espécie de commuting mais longo, de 20 dias, com paragens para visitar amigos. Para isso foi necessário enviar toda a tralha por correio de modo a poder viajar apenas com o essencial.

A aldeia de Garrelsweer, Holanda, organiza a cada dois anos uma festa temática

Dinamarca

É difícil dizer que optei por usar a bicicleta que me acompanhou durante todo o ano, pelo simples facto de nunca ter considerado outra possibilidade. Eu não deixava de ser um estudante com limitações orçamentais num país de preços altos e o meu veículo, comprado em segunda-mão, não deixava de ser uma bicicleta de supermercado, que lá são melhores do que as de cá, embora conservem o estatuto de opção barata e de gama baixíssima.

As hesitações fizeram-me partir às quatro e meia da tarde. Deixei a residência em Aarhus onde vivi durante o ano anterior com destino a Kolding, onde ficaria em casa de um amigo. Arrancar àquela hora tardia obrigou-me a gerir muito bem o tempo e o esforço para evitar chegar de noite, muito embora o céu não escureça totalmente no verão dinamarquês durante as breves horas em que o sol se desloca abaixo da linha do horizonte. É assim que se cura a ressaca dos invernos longos naquele país, com horas de sol abundantes no verão, sem estores nas janelas, muitas vezes apenas com cortinas brancas, e acordando ao som do chilrear dos pássaros às três e meia da manhã, o que ganhava contornos mais irritantes que bucólicos quando isso coincidia com a hora a que me deitava.

Até à fronteira com a Alemanha segui pelo caminho mais directo, a estrada nacional, onde quase sempre existe sinalização para ciclistas e uma berma larga para circular. A alternativa, mais bonita, era uma das ciclovias integradas na rede nacional daquele país que atravessam a paisagem por zonas onde a civilização, embora nunca longe, não invade o nosso campo de visão de forma tão constante. A Dinamarca é conhecida por ser um país plano, o que na realidade se traduz como sendo uma espécie de Alentejo, ou um constante subir e descer ligeiros que evitam a monotonia.

Estrada agrícola na Holanda

Alemanha

Sente-se a cada esquina, em cada serviço e apoio prestado ao viajante, que a Alemanha é um país de gente habituada a viajar. No Reisezentren, um balcão que existe em todas as estações de comboios, ninguém estranhou quando pedi para comprar um bilhete até Emden com paragem em Bremen, onde planeava passar umas horas para conhecer a cidade. Viajar com uma bicicleta permite-nos chegar a qualquer sítio e conhecê-lo de uma ponta à outra em poucas horas, essa foi uma das descobertas que fiz neste regresso a casa.
Emden fica numa região fértil próxima da fronteira com a Holanda, junto ao golfo do Dollart, onde os caminhos agrícolas, feitos com placas de betão armado, estão integrados em rotas cicláveis com infografia disponível num mapa dedicado ao cicloturismo, à venda numa livraria perto de si.

Ciclistas e ovelhas cruzam-se num caminho agrícola junto à baía de Dollart, Alemanha

Holanda

A próxima vez que alguém falar na Holanda como um país perfeito para andar de bicicleta, lembre-se disto: fazer muitos quilómetros numa paisagem plana é absolutamente fastidioso. Tal como me disse uma amiga húngara que fez Erasmus em Lisboa, “agora que voltei a Budapeste percebi que aqui tenho de estar sempre a pedalar”. Pois é, as colinas também descem. Disseram-me que a costa holandesa é bonita, mas atenção, o caminho que segui não era feio, apenas plano. Qualquer vantagem que se associe a um chão plano fica sem efeito perante um vento frontal, é como subir uma montanha sem as vantagens de ver a vista lá em cima.

Em Roterdão encontrei-me com amigos de Lisboa que estavam a fazer um curso de verão e, apesar de sermos da mesma cidade, naquele momento vínhamos de cantos opostos da Europa. É difícil a um português, quando sai do rectângulo por algum tempo, disfarçar o sentimento emigrante que exalta dentro de si, apelando à cultura popular da diáspora. Foi com eles que conheci a canção de Graciano Saga que inspirou o título deste artigo, “Vem Devagar Emigrante”, a história de um regresso a Portugal que acaba em tragédia numa estrada de Espanha servia-nos de mote jocoso à experiência de estar fora do país. A Holanda é tão perfeita que chateia, até a natureza foi domesticada. Nada como uma canção dissonante para lhe dar harmonia.

Ferry-boat que atravessa a baía do Dollart, na fronteira entre a Alemanha e Holanda

Bélgica

Segui para Antuérpia, a cerca de 100 km de Roterdão, atravessando várias vezes a fronteira em Baarle-Nassau, um município onde a linha imaginária que separa as duas nações não é uma recta saída do Romantismo mas sim o resultado de vários tratados medievais que criaram enclaves belgas e holandeses dentro da fronteira maior entre os países. Vale a pena espreitar a história do local. De resto, atravessei a Bélgica com pressa de chegar à cidade francesa de Lille no 14 de Julho, grosso modo, o 25 de Abril da França.

Fronteira entre a Bélgica e a Holanda em ciclovia

França

A partir daqui comecei a usar a bicicleta apenas para conhecer as cidades onde fui parando. O país é grande e os problemas mecânicos começavam a surgir. Em 2005, as carruagens dedicadas para transporte de bicicletas nos comboios franceses ainda eram novidade, pelo que aproveitei para experimentar o serviço. Sabia também que essa facilidade desapareceria assim que atravessasse os Pirenéus.

Cidade de Gent, na Bélgica

Espanha

A minha bicicleta cruzou a Europa, levou-me a conhecer Barcelona em poucas horas e depois foi roubada. Um triste final que, contudo, resolveu o problema que seria transportá-la de comboio até Lisboa, implicando desmontar e guardá-la num saco próprio para transporte, que não tinha. A canção de Graciano Saga cumpriu-se uma vez mais, a tragédia aconteceu a um português em trânsito numa cidade espanhola e com ela foi-se a esperança de trazer aquela bicicleta para Lisboa.


quinta-feira, março 29, 2012

BIKE.POP#1 no POP.UP - GUIMARÃES 2012

Tal como publicado no site POST - Cooperativa Cultural

De 31 de Março a 1 de Abril, a Capital Europeia da Cultura acolhe a cultura da bicicleta no âmbito da iniciativa POP UP, que visa animar Guimarães através da recuperação e valorização de espaços desocupados – comerciais e outros – cedidos temporariamente pelos vimaranenses.

O projecto chama-se “Pop Up Spaces” com o qual se pretende dinamizar as indústrias culturais e criativas, fomentando o desenvolvimento económico da região e posicionando Guimarães como uma cidade de referência no panorama europeu.

No próximo fim-de-semana, será a vez do Mercado Municipal de Guimarães transformar-se num Mercado Pop Up, que acolherá o evento BIKE.POP, promovido pela Cooperativa POST, em parceria com a AVE - Associação Vimaranense para a Ecologia.

Mercado Municipal de Guimarães
"Numa série de acções relacionadas com a cultura urbana e a mobilidade, haverá espaço para música, literatura e filmes ligados à cultura da bicicleta. Num espaço onde se explora de forma transversal o mais ecológico dos meios de transporte urbano, será ainda possível efectuar um “check-up” gratuito aos veículos."

A programação inclui dois workshops gratuitos: Condução de bicicleta na cidade- Nível 1 (para quem pretenda aprender mais sobre como circular na estrada em segurança e com confiança) e Mecânica para utilizadores. Poderão efetuar a inscrição para os workshops aqui.

Convidam-se ainda todos os vimaranenses e visitantes a participarem na Massa Crítica, e a juntarem-se à festa que logo a seguir terá lugar no mercado, em frente ao BIKE.LOUNGE.

No Domingo, a AVE promove um descontraído passeio pela Cidade, com saída do Mercado a partir das 11:00, seguido de "bike-nic" em local aprazível. Não se esqueçam da merenda!

BIKE.POP | Mercado Municipal de Guimarães
Bike Lounge | 31.3.2012 e 1.4.2012 | 10:00 - 18:00
Workshop Condução de Bicicleta na Cidade | 31.3.2012 | 14:30
Workshop Mecânica | 1.4.2012 | 14:00

segunda-feira, janeiro 23, 2012

A livraria de viagens também para ciclistas

Para quem viu o filme Notting Hill sabe que uma livraria de viagens pode ser um local tão interessante ao ponto de ser gerido por um Hugh Grant e visitado por uma Julia Roberts. Não está longe da verdade, a ficção. As sócias Ana Coelho e Dulce Gomes abriram recentemente um espaço tão agradável quanto interessante, que inclui um café do viajante com ementa a condizer. Sendo uma livraria dedicada a viagens, não podia deixar de ter uma secção gastronómica. Foi, de resto, graças ao apelo dos sabores de outras paragens que entrei na livraria Palavra de Viajante e fiquei a conhecê-la melhor.

A razão desta notícia aparecer aqui no Bicicleta na Cidade é porque nesta livraria encontram uma secção dedicada a viagens que serve, precisamente, para tirarem a bicicleta da cidade. Esta é muito provavelmente a primeira e única livraria de Lisboa a dedicar um espaço aos ciclistas viajantes. Mais do que meritório, isto é uma visão de futuro!
 
À conversa com Ana Coelho numa das mesas do café, fiquei a saber que este projecto surge do gosto das sócias pela literatura, por viagens e pela literatura de viagem. Queriam abrir uma livraria com um pequeno espaço de café, o que além de providenciar outra fonte de receita, a par dos livros, dinamizaria o espaço da livraria. Conseguiram-no em finais de Outubro mas não exactamente como esperavam.

Como nestas coisas de andar à procura do espaço idealizado somos sempre surpreendidos com possibilidades não antes imaginadas, a Palavra de Viajante acabou por assentar arraiais na Rua de São Bento nº 30 numa loja com cozinha a sério, daquelas que a ASAE aprova, o que lhes abriu a possibilidade de servir almoços com um menu diferente todas as semanas e jantares de grupo mediante marcação.

Num mundo dominado pela internet e grandes superfícies, “abrir uma livraria generalista não faz sentido no pequeno comércio”, diz Ana, mas antes oferecer um produto diferenciado em lojas com conceitos mais específicos, até porque no comércio de rua “as pessoas procuram outra vez o contacto com quem está do outro lado do balcão”. No fundo, a Ana e a Dulce gostam de viajar, criaram um espaço ao seu gosto e medida e são óptimas conselheiras nessa matéria, a da literatura de viagem.

Indagava-me como se terão lembrado de incluir uma secção de bicicletas na livraria. Quando começaram à procura de livros pareceu-lhes lógico incluir de início mapas com percursos para bicicletas mas também literatura inevitável como o Diário da Bicicleta de David Byrne. Depois, “há secções que surgem com sugestões de clientes”, diz Ana. Interessei-me por essa abordagem, onde o cliente assume um papel na selecção da casa. Eu próprio fui convocado pela Ana para recomendar livros assim que lhe falei do meu interesse pelas bicicletas e de como seria interessante dar a conhecer esta livraria aos ciclistas da cidade.

As sócias Ana e Dulce não sabiam da existência de grupos de incentivo e promoção do uso da bicicleta e no entanto já estão a dar o seu contributo ao criarem uma secção bike specific. Depois, vieram as sugestões dos clientes entre as quais uma que me chamou à atenção: um guia de viagem com o título La Costa Portuguesa en Bicicleta – Del Guadiana al Miño por el Litoral Portugués, edição de autor por José Ignacio Idígoras Santos que o próprio terá sugerido vender na livraria quando passou por lá. A julgar pela quantidade de portugueses que encontrei o verão passado a viajar de bicicleta pela costa alentejana, talvez este seja um guia essencial para o cicloturista português.

Durante a conversa que tive com a Ana, fiquei também a saber que os lisboetas são neste momento os grandes consumidores dos guias desta cidade. É verdade, fiquei alegremente estupefacto, tal como a Ana. Aparentemente vive-se um “vá para fora cá dentro da cidade” que está a levar os lisboetas (estamos a falar de portugueses que vivem em Lisboa) a comprar guias em português: “O guia Lisbon Walker [com sugestões de percursos a pé pela cidade] tem vendido mais na edição portuguesa do que na inglesa e não estávamos à espera disso”.

Seja para conhecerem melhor Lisboa, o país ou o mundo de bicicleta, a pé, comboio e até de carro, visitem esta livraria que fica na parte “esquecida” da Rua de São Bento, uma paralela à Avenida Dom Carlos I. Façam as vossas sugestões e recomendações bibliográficas, dedicadas às bicicletas mas não só, e ajudem a Palavra de Viajante a encher as estradas nacionais com cicloturistas. Este verão haverá Massa Crítica pelo país inteiro!

Livros recomendados:
Danube Bike Trail, from Passau to Vienna, edição Verlag Roland Esterbauer. Mapa dos percursos de bicicleta ao longo do rio Danúbio, sugestão de Ana Coelho depois de ela própria ter feito esta viagem.

La Costa Portuguesa en Bicicleta – Del Guadiana al Miño por el Litoral Portugués, José Ignacio Idígoras Santos, edição de autor.

Cyclepedia A Tour of Iconic Bicycle Designs, Michael Embacher, Thames & Hudson.

Fotos: Veera Moll (obrigado!)

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Jornal Pedal - o novo periódico gratuito

Mais um projecto a ganhar vida! Este não ficou anos a estagiar em nenhuma gaveta. O Jornal Pedal é uma publicação gratuita cujos custos são assegurados pela publicidade. Para o primeiro número, lançado a semana passada, contribuíram com textos de opinião várias pessoas do universo ciclista lisboeta, entre as quais esta pessoa que está aqui a pressionar no teclado.

O jornal fala por si, eu sou um apreciador da sua qualidade e potencial, por isso escuso-me a fazer grandes comentários. Leiam-no em papel ou na versão online, aqui embutida mais abaixo. Criem a vossa opinião e partilhem-na! O Jornal Pedal só terá a ganhar com isso.

Um dos aspectos que ainda assim quero realçar é a sua orientação editorial. O Jornal Pedal não é apenas um jornal da comunidade para si própria, é feito pela comunidade para o mundo e tem como objectivo apelar ao público que ainda não usa a bicicleta como meio de transporte urbano. Esta orientação é em tudo convergente com a postura deste blogue desde a sua criação, pelo que só posso tecer-lhe elogios. É importante mostrar ao mundo como se faz, sem altivez nem arrogâncias de sermos, nós os ciclistas urbanos, donos e senhores da razão e da moral por escolhermos aquilo que nos parece ser uma forma superior de mobilidade e de inteligência (ups!... lá está, a arrogância à espreita).

sábado, novembro 26, 2011

Sinal dos tempos

in Público, sexta-feira 25 de Novembro 2011

Foquemo-nos nesta imagem. Esqueçamos por momentos o ambiente que a rodeia - a greve geral de quinta-feira 24 de Novembro. Que não se dê importância aos sintomas de uma mudança latente, senão por demais evidente, quando no jornal se lê que "muitos dos que decidiram não fazer greve optaram por dar corda aos sapatos: foram a pé, de bicicleta, de skate e até de patins em linha". Parece-me exagerada a descrição, mas também isso pouco interessa. O contraste desta citação com outras de greves passadas, onde o recurso ao táxi e ao automóvel privado era descrito como solução para a falta de transportes públicos, é um sinal da mudança dos tempos.

Por vezes fica-nos a sensação de que a narrativa já está escrita antes mesmo da notícia ter sido produzida ou, até, dos factos que a sustentam terem acontecido. A notícia faz o acontecimento, o acontecimento não garante que se faça a notícia.

Ontem foi notícia que as bicicletas, os skates e os patins em linha substituíram os transportes públicos. Aparentemente, os táxis e os automóveis privados deixaram de ser solução. Desapareceram. Da notícia, entenda-se. Numa guerra de números de adesão à greve entre Governo e sindicatos, a notícia opta por eliminar qualquer número da sua leitura. Não interessa quantos táxis e automóveis nem quantas bicicletas.

Por isso foquemo-nos na imagem e esqueçamos por momentos o ambiente que a rodeia, já que nada podemos tomar como garantido pelo que nos é dado a ler.

Vemos três bicicletas no mesmo plano. Em Entrecampos, no final da ciclovia do Campo Grande. Para quem está atento às ruas, sabe que momentos como este vão acontecendo com maior frequência em Lisboa. Seria possível captar este "momento Kodak" há apenas alguns anos atrás nesta mesma cidade?

Assumindo que o fotógrafo Rui Gaudêncio não perdeu a manhã toda à espera de ciclistas, elogio-lhe este trabalho por captar o espírito do tempo actual. O que fica desta imagem, o que Roland Barthes poderia chamar o studium desta foto, é a evidência de haver mais bicicletas a circular em Lisboa. Hoje.

quarta-feira, setembro 28, 2011

Bicycle Film Festival Lisboa 2011

Com filmes, festas, provas BIKESPRINTS e corrida LX ALLEYCAT

O BICYCLE FILM FESTIVAL ARRANCA

NA PRÓXIMA SEXTA, NO TEATRO DO BAIRRO!




O maior e mais prestigiado evento global de "bike-culture", e que em 2011 passa por quase 30 grandes cidades globais, fará uma etapa de 3 dias em Lisboa!

A sessão inaugural do BFF terá lugar na próxima Sexta, 30 de Setembro, pelas 21:30, com a exibição do programa "FUN BIKE SHORTS", que integra curtas-metragens com origem em Portugal, Espanha, Canadá, Gana, EUA, Suíça, Sérvia e Brasil.

Logo de seguida, a partir das 23:30, o BFF celebra o 8º aniversário da Massa Crítica, com a dupla de DJ's INTELECTRONIK (aka Pan Sorbe e Señor Pelota), também no Teatro do Bairro.

Ao longo dos 3 dias, serão exibidos cerca de 50 obras celebrando ou inspiradas pela bicicleta. Do programa destaca-se o documentário "WITH MY OWN TWO WHEELS", de Jacob e Isaac Seigel-Boettner, sobre a capacidade que a bicicleta possui para mudar a vida das pessoas, filmado em 4 continentes; "PRO TOWN: GREENVILLE", de Mark Losey, explorando a cidade que mais talentos tem dado à cena internacional da BMX; e uma curta de Spike Jonze "MARK ON ALLEN", com o lendário "skater" Mark Gonzales. Destaque também para a curta nacional "O RISCO", de José Pedro Lopes, com uma narrativa que abre portas a um novo género cinematográfico, o "cycle-gore".

Na noite de Sábado, terá lugar a 3ª edição da LX ALLEYCAT, com um inédito itinerário noturno inspirado no jogo "Trivial", e prémios que incluem um exclusivo selim BROOKS! Esta corrida, inspirada nos "bike messengers", e organizada em conjunto com a CICLONE e RODA GIRA, é aberta à participação de todos, com inscrição e comparência pelas 21:00 no Jardim de S. Pedro de Alcântara.

Os vencedores da LX ALLEYCAT serão anunciados na festa que começará a partir das 24:00 no Teatro do Bairro, e que inclui competições BIKESPRINTS, corridas com bicicletas sobre rolos, entre outras surpresas!

Inspirado pelo espírito BFF, o artista PANTONIO personalizou uma bicicleta GLOBE ROLL, que estará em exposição durante o Festival, e será leiloada para o projeto BENFICA EM BICICLETA, que desenvolve ações de formação e promoção do uso da bicicleta nos bairros da freguesia.


Sobre Pantonio

pantónio, açoriano, gostava de se chamar sebastião, ter um barco e viajar de porto em porto a pintar em barcos. Gostava de estudar em Vila Nova de cerveira numa escola chamada Escola das Artes. Tem uma bicicleta chamada Jane, de larga rodagem, com quem costuma espiar a cidade à noite à procura de sítios para pintar. Tem pêlos nas pernas e 21.750 kms de pedalada, e a velocidade máxima que contou foram 900 km/h em descanço. Gostava de trair a sua Jane com uma Koga Myata de 1975.


Sobre o Bicycle Film Festival

O BICYCLE FILM FESTIVAL surgiu da vontade inicial de Brendt Barbur, Fundador e actual Director do Evento que, após ter sido atropelado por um autocarro enquanto pedalava pelas ruas de Nova Iorque, decidiu transformar o seu doloroso acidente numa experiência positiva para si e para os outros. Barbur deu início ao BICYCLE FILM FESTIVAL em 2001, e desde então este afirmou-se como o maior evento global celebrando a bicicleta pela música, arte e cinema. O BICYCLE FILM FESTIVAL tem sido um poderoso catalisador do ciclismo urbano, e uma das mais relevantes forças culturais emergentes da última década. O BFF assume este legado, e propõe-se alargar o seu impacto benéfico a um número crescente de participantes e cidades em todo o mundo.


Sessões de cinema
Teatro do Bairro - Rua Luz Soriano, 63

Estacionamento gratuito para bicicletas!

Preço dos ingressos
3,5€ (cada sessão) ; 20€ (passe BFF - inclui acesso para todas as sessões de cinema, festas e LX ALLEYCAT; desc. 40% na aquisição de t-shirt oficial!) - disponível em www.bilheteiraonline.pt

Mais informações e reservas:
(+351) 927 038 581 | lisboa@bicyclefilmfestival.com | www.bicyclefilmfestival.com/lisbon

quarta-feira, junho 23, 2010

Na América profunda



SKI BOYS - filme exibido no Bicycle Film Festival Lisboa 2009. É um dos meus favoritos!


SKI BOYS from Benny Zenga on Vimeo.

Este ano o festival volta a realizar-se em Lisboa, durante o mês de Outubro. Fiquem atentos às novidades.



terça-feira, dezembro 01, 2009

Um Portugal que vem do Alasca e vive em Portland



Chama-se "Portugal. The Man" e é uma banda de indie rock experimental (entre outras nomenclaturas que se encontram internet adentro). É do Alasca (Wasilla) mas está sedeada em Portland. Esteve no Festival Paredes de Coura este ano, naquela que foi a sua primeira vinda a Portugal. O país.

Na Wikipédia inglesa diz-se que o nome deriva do seguinte:

The band's name is based on the idea of David Bowie's "bigger than life" fame. They wanted the band to have a bigger than life feel but didn't want to name it after one of their members.

"A country is a group of people," guitar player and vocalist John Gourley explains. "With Portugal, it just ended up being the first country that came to mind. The band's name is 'Portugal'. The period is stating that, and 'The Man' states that it's just one person." The name has more personal meaning as well: Portugal. The Man was going to be the name of a book that Gourley had planned to write about his father and his many adventures.


Chegam ao Bicicleta na Cidade por causa do vídeo da canção "Everyone is Golden" que faz parte do seu último álbum, "The Satanic Satanist". A única versão que consegui encontrar é apenas um preview de 44 segundos, suficientes para me agradar.

Para quem conhece a realidade ciclista de Portland (para quem não conhece basta dizer que é recente e pujante) o vídeo não surpreenderá mas tão-pouco é essa a intenção. Trata-se apenas de um vídeo bonito de uma música interessante de uma banda com um nome curioso...



Vale a pena espreitar também: http://www.myspace.com/portugaltheman

quinta-feira, setembro 10, 2009

Bicycle Film Festival Lisboa - já começou!



Começou ontem, quarta-feira dia 09/09/09 a primeira edição do Bicycle Film Festival Lisboa. A "celebração da bicicleta pelo cinema, artes e música" arrancou com a festa de abertura em Alcântara, no By Me. Nos próximos dias Lisboa será uma montra da cultura da bicicleta feita em todo o mundo e dará também o seu contributo local para esse universo. É uma relação recíproca e uma oportunidade para a troca de experiências entre várias cidades.

Lisboa vive desde esta década um crescendo histórico no que toca à utilização da bicicleta em meio urbano e à diversificação dos seus usos - seja em lazer ou como meio de transporte. Esse crescimento encontra par em várias cidades e países do mundo inteiro, locais que tradicionalmente não são conhecidos pela cultura da bicicleta mas que têm vindo a adquirir e a reclamar esse estatuto. Paris, Nova Iorque, Londres, Barcelona são apenas alguns exemplos.

O que torna o aumento global do uso da bicicleta um dos fenómenos mais fascinantes da actualidade é a simultâneidade, diversidade e interconectividade com que acontece. A experiência ganha num determinado local é rapidamente disseminada e assimilada em todo o mundo - é disso exemplo o sistema de bicicletas públicas de Paris (Vélib) que contribuiu para um grande impulso nesse segmento. Lisboa não está excluída deste processo universal e a realização do BFF aqui prova-o. A nossa cidade está no mapa!

Existe uma especificidade lisboeta. Ela forma-se a partir dos investimentos que várias entidades públicas e privadas têm feito para promover o uso da bicicleta e, sobretudo, através da forma como os "novos ciclistas" e toda a população lida com, e reage à presença inequívoca das bicicletas nas ruas. Esta cidade tem uma história para partilhar com o mundo: nós sabemos como tornar Lisboa numa cidade mais ciclável. Essa aprendizagem serve de exemplo para todos. Não querendo descurar o facto de ainda estar muito por fazer, gostava de realçar hoje o trabalho que já foi feito e que vai continuar a transformar a cidade de Lisboa e a forma como vivemos nela.

O Bicicleta na Cidade está metido no festival dos pés à cabeça. Consultem o programa no site http://www.bicyclefilmfestival.com/, apareçam e divirtam-se!


segunda-feira, agosto 31, 2009

AEOLIAN RIDE: 52 PESSOAS, FATOS-BALÃO, PASSEIO DE BICICLETA E ARTE PÚBLICA



Foto: Sean Wilson

Foto: Jessica Findley

10 Setembro 2009 Lisboa, Portugal

LOCAL & HORA: 18h30 Praça Luís de Camões

INSCRIÇÃO GRATUITA & MAIS INFORMAÇÃO EM: www.aeolian-ride.info

O Aeolian Ride é um evento de arte pública gratuito onde 52 pessoas vestem fatos que se enchem com o vento e passeiam de bicicleta por várias cidades em todo o mundo. O Aeolian Ride procura agradar, envolver e provocar entusiasmo nos participantes assim como nos transeuntes. A ideia é criar um evento divertido de arte pública aberto à participação de todos que transforma a paisagem da cidade à sua passagem. Todos os 52 fatos-balão são feitos à mão em nylon e facilmente se enchem de ar a baixa velocidade. Existem três tipos de fato, um em forma de “coelho”, de “balão” e em forma de “gota”.

Inscreva-se hoje no AEOLIAN RIDE, o único passeio de bicicleta do mundo feito com balões de ar

Quinta-feira 10 de Setembro de 2009 em conjunto com o Bicycle Film Festival Lisboa, Portugal. 18h30 na Praça Luís de Camões. Traga a sua bicicleta e amigos! Encha-se de ar! Seja voluntário para tirar fotografias ou filmar o passeio. Inscreva-se no site www.aeolian-ride.info para participar gratuitamente e para mais informações.

Foto: Clayton Harper

O primeiro Aeolian Ride teve lugar em Nova Iorque (04.06.2004). Destacam-se também os passeios em São Francisco, onde se juntou à parada do Bicycle Film Festival (07.10.2004); Cidade do Cabo (20.11.2004); Los Angeles (10.09.2005); Melbourne (11.03.2006); Halifax (10.09.2006); Milão (dia 27.11.2008) e Tóquio (16.05.2009).

Este projecto foi criado pela artista Jessica Findley que trabalha sobre formas curiosas e contagiantes de arte ligada à natureza. Para ver outros projectos da artista visite: www.sonicribbon.com/portfolio/art.html

Fotos com alta resolução do passeio estão disponíveis em: http://www.aeolian-ride.info/presskit.html

Foto: Jessica Findley

O Bicycle Film Festival é uma celebração da bicicleta pelo cinema, artes e música.
É produzido anualmente por uma equipa internacional de entusiastas e pelas células de produção das diferentes cidades, beneficiando do apoio de parceiros e da comunidade ciclística e artística para concretizar os objectivos propostos. Apresenta uma programação dinâmica e transdisciplinar, que visa estimular e inspirar a participação da audiência. O evento realizar-se-à pela 1ª vez em Portugal, em Lisboa, nos próximos dias 9, 10, 11, 12 e 13 de Setembro. Espera-se que – tal como tem acontecido nas numerosas edições já realizadas – contribua decisivamente para a mudança positiva de atitude relativamente a formas alternativas de mobilidade urbana e, em particular, promovendo as vantagens da bicicleta como meio privilegiado de transporte individual.

Contacto: lisboa@bicyclefilmfestival.com


sábado, maio 09, 2009

Retro anos 90



Rua Braamcamp

Eis o meu palpite: existe por aí muita bicicleta comprada nos anos 90 que foi remetida para um canto da arrecadação, ou outro lugar menos digno, e que agora começam a ser reabilitadas por muitos dos seus compradores de então ou amigos e familiares que entretanto se apoderaram delas. Isto, claro, com base no que vejo pela cidade nos dias mais recentes - várias pessoas a usar essas bicicletas de montanha com quadros de aço, mudanças de fricção (daquelas que mudam ao sabor do suave desvio do manípulo em vez do mais moderno clique dos sistemas indexados) e travões cantilever.

Foi com uma bicicleta em tudo igual às suas contemporâneas que comecei a fazer as minhas primeiras viagens urbanas, dentro e fora do subúrbio onde vivia. Era uma "Alpestar", que convivia com nomes sonantes à época tais como "Esmaltina" e "IBA", só para referir dois de uma extensa lista. A minha Alpestar azul custara nova 20 contos (100 Euros) e fez-me poupar muitos mais em transportes. Foi ela a minha salvação quando os meus amigos começaram a ter mota, proporcionando-me a alternativa mais rápida para os acompanhar nos seus ruidosos motores de 50 centímetros cúbicos. Hoje agradeço aos meus pais o privilégio de não me terem cortado esse prazer ao proibirem-me de ter uma mota, decisão que na altura me custava muito aceitar.

A minha Alpestar azul ainda existe e permanece na posse da família. O quadro tornou-se pequeno demais para o meu tamanho mas continuo a recomendá-la para circular na cidade. De resto, a década de 1990 foi marcada pela generalização do uso das bicicletas de montanha, que haviam sido inventadas no final dos anos 70, tanto nos modelos menos sofisticados e mais baratos, dedicados ao passeio, como no crescimento da modalidade desportiva que lhes está associada.

Em certa medida, as bicicletas de montanha representaram uma libertação dos constrangimentos inerentes aos modelos de estrada, de ciclocross, às pasteleiras e às BMX, que existiam até então, introduzindo algo novo no campo de possibilidades - uma bicicleta mais robusta, leve e apta para todo-o-terreno. Passados vários anos, vivemos hoje sob um paradigma quase contrário; as bicicletas de montanha dominam na maioria das lojas dedicadas, ofuscando e limitando a oferta de outros modelos a um ou dois exemplares de cada. Mas a situação já foi mais grave e parece começar a inverter-se à medida que cresce a procura por modelos mais citadinos.

Nada disto, porém, afecta o carisma dessas primeiras bicicletas de montanha "tão anos 90". Até porque, quando comparadas com as mais modernas de alumínio, várias suspensões, travões de disco e outros apetrechos, é a sua simplicidade que se sobrepõe aos excessos da ânsia tecnológica.


quarta-feira, abril 15, 2009

A revolução (des)dobrável




Elas andam por aí em número crescente. Como todas as outras bicicletas. Mas contraditoriamente ou não, estas saltam mais à vista. As bicicletas dobráveis têm ganho o seu espaço em Lisboa talvez como resultado de opções meramente práticas: são fáceis de transportar e arrumar, ideais para levar nos transportes públicos, para dentro do escritório, café, restaurante, bengaleiro da discoteca e até (imagine-se!) para levar no carro.

Sejam as suas motivações práticas ou não, a escolha destes ciclistas tem enchido a cidade com uma multiplicidade de formas, cores e estilos que vão do mais clássico ao tecnologicamente mais avançado. O que todas têm em comum é que dobram e dão nas vistas, quiçá numa relação proporcionalmente inversa ao seu tamanho. A oferta nas lojas também tem crescido e há preços para todas as possibilidades.

Por tudo isto, as bicicletas dobráveis são provavelmente o veículo inventado pela humanidade que mais se aproxima do idealizado pela Hanna-Barbera em "The Jetsons" - o transporte fácil de transportar. Aqui fica o meu tributo.



quinta-feira, março 19, 2009

Que foi? Nunca viste?!




As palavras nunca chegaram a sair, foi isso que tornou tudo mais interessante. No meio do processo de tentar ser discreto a tirar uma foto vi o meu disfarce arrancado pela força de um olhar de vidro escuro. Suficientemente misterioso para me deixar incomodado, quanto mais não fosse pela inversão da relação vítima-perpetrador. A máquina fotográfica, arma de defesa e arremesso, fez-me provar o seu próprio veneno. E eu gostei!


quarta-feira, dezembro 10, 2008

Milão: 3º e último dia de filmes, e do festival...



Apesar deste relato chegar com mais de uma semana de atraso parece-me conveniente manter a ordem cronológica, até porque as notícias interessantes não perdem a actualidade no Bicicleta na Cidade.













O último dia do Bicycle Film Festival em Milão foi ameno, depois da neve e da chuva. No meio da adversidade, nenhuma das actividades outdoor previstas no programa foi cancelada. No Domingo decorreu a corrida de ciclocross urbano (à qual não assisti) e um jogo de bike polo. Este jogo consiste, já se vê, em jogar polo sem cavalo usando uma bicicleta de roda fixa em substituição. A roda fixa não é obrigatória, segundo as regras de vários grupos que consultei (por exemplo aqui e aqui) mas em Milão não vi nenhum jogador com outro tipo de bicicleta. A modalidade, ou variante, a que assisti chama-se "hard court" e assemelha-se às versões street ou urban de alguns desportos: qualquer ringue desportivo ou corte de ténis serve. No jogo ao qual assisti as regras estabeleciam equipas de 3 jogadores, ganhando aquela que primeiro marcasse 3 golos. A equipa que perdesse dava lugar a outra, no fundo uma "roda bota fora".
As balizas e o campo (na Piazza San Fedele)


O grupo Milano Fixed organiza jogos como este, que integrou o programa oficial do BFF, todas as quartas-feiras às 21h30 (o que é de louvar tendo em conta o frio que por lá faz...).

De resto, no último dia de filmes foi exibido "Standing Start" que também passou no DocLisboa 2008, um filme de 12 minutos sobre o ciclista olímpico Craig MacLean. Destaco-o dos restantes filmes que vi nesta sessão (infelizmente não todos porque tinha um avião para apanhar...) pela sua realização, que consegue fazer suster a respiração do público ou, pelo menos, sincronizá-la com a do protagonista, corredor olímpico.

Nos próximos posts trarei mais novidades de Milão, tentando dar ainda atenção a outros aspectos da cultura ciclista daquela cidade que vão para além do Bicycle Film Festival. Segue-se Portland, EUA, que fecha a edição de 2008 do BFF. Quanto a 2009, aguardam-se novidades que se esperam breves. Ciao!



sábado, novembro 29, 2008

Milão: 2º dia de filmes e grande festa no final




Uma das curtas metragens exibidas ontem, no primeiro dia de filmes do BFF, foi o vídeoclip da canção "What's a Girl to Do", dos britânicos Bat for Lashes que já foi mostrado aqui no Bicicleta na Cidade. Deixo uma nota especial também ao filme "Les Ninjas du Japon", exibido ontem, do qual gostei bastante pela forma como aborda uma prova de ciclismo desportivo - dando especial ênfase ao encontro de dois mundos distantes (Burkina Faso e Japão) e dos seus protagonistas. Aconselho vivamente a sua visualização.

Hoje, o programa segue com mais uma sessão de filmes. Não vou entrar em pormenores porque, se me permitem, quero aproveitar as poucas horas de sol que restam para ir visitar a cidade de bicicleta! Ontem nevou o dia todo e, à falta de material impermeável, tive mesmo que desistir dessa ideia. Ao contrário deste(a) milanês(a)...


À medida que o nevão foi diminuindo de intensidade, as bicicletas voltaram a aparecer, não obstante o facto de haver muito menos ciclistas na cidade. Parece que os milaneses têm uma solução para os dias de mau tempo: não andam de bicicleta! Eis como se resolve uma das dificuldades mais vezes referida para a implementação do seu uso como meio de transporte. Se não compensar ir de bicicleta, recorre-se às alternativas. Simples.

Urban Velodrome Party - a festa começa após os filmes e será num velódromo urbano indoor, sito na garagem de um supermercado. Prometo fotos!


sexta-feira, novembro 28, 2008

Milão: 1º dia de filmes, 1º dia de neve!




Esta é a bicicleta que a organização do Bicycle Film Festival me emprestou ontem e este é o estado em que se encontrava hoje de manhã. Não será a neve a fazer-me parar!

Foi ontem a inauguração da exposição "Joy Ride". Ficam aqui algumas fotos:


Depois de dois dias de eventos, começa hoje a exibição dos filmes, antecedida da apresentação pelo director e fundador do BFF, Brendt Barbur. Segue-se uma sessão de curtas, "bike fun shorts", e às 21h30 terá início a segunda sessão da noite com 3 filmes: "Pantani e 'Le Tour de France'", uma vídeo montagem sobre a figura do ciclista Marco Pantani, "Coppi", que celebra Fausto Coppi, e a longa-metragem "Les Ninjas du Japon", filme de Giovanni Giommi sobre a participação de cinco ciclistas japoneses no Tour du Faso, a prova mais importante do continente africano.

O dia acaba com (mais) uma festa, no Bar Cuore. O convívio entre a organização, os participantes e os espectadores deste festival tem sido uma constante. Há boas vibrações no ar! Este evento é um óptimo local para fazer amigos e novos contactos na "bike scene" internacional.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Milão: BFF começou























Muita gente na abertura. Sushi e bebidas grátis (só podem ter bons patrocinadores). "Fixies" em exposição (bicicletas fixed gear, como as que são usadas nos velódromos) que de resto estão totalmente na moda aqui em Milão. O festival é toda uma exposição artística da bicicleta como objecto de culto, quase fetiche. As bicicletas de mudança fixa dão o mote estético: são minimalistas e representam o essencial da bicicleta. Tudo o mais é acessório.

Programa do dia: Aeolian Ride e inauguração da exposição colectiva "Joy Ride" que reúne trabalhos em pintura, fotografia, escultura e bicicletas de vários artistas de todo o mundo.


quarta-feira, novembro 26, 2008

Milão: primeiras impressões




O Bicycle Film Festival só começa hoje à noite, com uma festa onde Simone Pace dos Blonde Redhead irá interpretar a banda sonora do filme "The Impossible Hour" (no título original dinamarquês "Den Umlige Time") de 1974. Trata-se de um documentário realizado por Jørgen Leth (um dos precursores do cinema Dogma) que relata a história do ciclista dinamarquês Ole Ritter na sua tentativa, falhada, de bater o recorde da hora no velódromo da Cidade do México. O record da hora corresponde à maior distância percorrida numa hora em bicicleta num velódromo. Esta será a primeira performance na Europa, depois da estreia em Maio nos EUA. A seguir virá o Ninja DJ com um set de electro. As festas são uma constante ao longo deste festival de Milão, todos os dias haverá uma!

Entretanto, passei hoje umas horas a passear pela cidade captando fotos e vídeos. É inevitável que numa capital da moda como Milão haja cycle chic por todo o lado. Mas não é exclusivista, ou seja, são várias as bicicletas de montanha baratas que se vêem nas ruas assim como modelos da Decathlon que também se vendem em Portugal (e que provavelmente foram produzidos aí no rectângulo), tornando o uso da bicicleta bastante ecléctico. Convenhamos, porém, que aqui reinam as pasteleiras clássicas com uma mudança apenas. A par das vespas e demais scooters ou motorizadas que pululam e chegam a invadir os locais de estacionamento para bicicletas.

Men Style vs. Ladies Style
(ou apenas dois exemplos da multiplicidade de estilos que por aqui circula)