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segunda-feira, setembro 28, 2015

Transtejo - suspender serviços de transporte implica criar alternativas

Sempre que se suprime uma ligação ou transporte é necessário oferecer soluções alternativas, excepto quando se trata de bicicletas.


A supressão do serviço de transporte de bicicletas nas ligações fluviais de Lisboa ao Seixal, Montijo e Cacilhas foi anunciada pela Transportes de Lisboa, um dia depois da Semana Europeia da Mobilidade, mas não chegou a sair do papel. O que ficou deste episódio, além da ausência de uma explicação clara por parte da empresa, foi a ideia de que a mobilidade ciclável, ao contrário de outras, dispensa a criação de alternativas quando as ligações existentes são afectadas.

Interior de um dos navios que seriam afectados pela medida

Pensemos numa estrada que foi cortada para conclusão de obras. Os sinais de "desvio" são colocados juntamente com indicações para chegar aos destinos afectados pelos trabalhos na via.

Seja por motivo de greve ou por decisão de uma administração, a supressão de ligações ferroviárias de transporte de passageiros obriga, por lei mas também por bom senso, a que sejam disponibilizados serviços mínimos e transportes alternativos, geralmente autocarros.

Quando uma carreira de autocarro é eliminada, outras passam a compensar no seu percurso as zonas afectadas por essa perda.

A própria Transtejo anunciou em Julho que, "devido a trabalhos num pontão do Terminal do Terreiro do Paço", desviou temporariamente para o Cais do Sodré a ligação fluvial do Montijo, o que pode ser um transtorno para alguns mas seguramente melhor do que suspendê-la totalmente.

As alternativas poderão ser insuficientes, diminuindo até a qualidade do serviço prestado. Podemos, enquanto utentes, discordar das condições oferecidas em caso de afectação do transporte a que estamos habituados e em torno do qual organizámos a nossa rotina diária nas deslocações que precisamos de fazer - ir para o trabalho, às compras, buscar os filhos à escola, etc.

Por piores que sejam as soluções criadas para compensar uma alteração a um serviço de transporte, elas existem e dificilmente aceitaríamos que assim não fosse.

Então porque é que a Transportes de Lisboa anunciou esta restrição sem oferecer quaisquer alternativas aos ciclistas?

Na ligação Terreiro do Paço - Barreiro alguns navios dispõem de suportes

Quando se oferece um serviço regular de transporte de bicicletas, como a Transtejo faz há vários anos, a empresa cria não só uma expectativa em potenciais interessados de ocasião como, mais importante, consegue angariar clientes regulares que passam a depender dele. Pessoas que decidiram ir de bicicleta para o trabalho abdicando do carro que entretanto venderam, que mudaram de casa para poupar na renda ou que aceitaram um trabalho contando com a possibilidade de transportar a bicicleta no barco, usando-a para fazer o resto do percurso em cada uma das margens do rio.

Estas pessoas precisam de alternativas, mesmo que sejam piores. Uma alternativa bem pensada e aplicada minimiza o transtorno e o número de utentes afectados. Como exemplo, a empresa poderia oferecer estacionamento seguro para bicicletas nos terminais, permitindo aos ciclistas deixarem os seus veículos pernoitar na margem do rio que mais lhes conviesse. Dessa forma alguns utentes ficariam apenas "meio" afectados.

Será interessante assistir no futuro a situações semelhantes e perceber se, e como, as bicicletas serão tidas em conta sempre que houver alterações de serviço nos transportes públicos ou nas vias de trânsito. A lição que podemos aprender com este anúncio e recuo da Transportes de Lisboa é que não se pode suspender um serviço sem oferecer pelo menos uma alternativa.



sábado, novembro 26, 2011

Sinal dos tempos

in Público, sexta-feira 25 de Novembro 2011

Foquemo-nos nesta imagem. Esqueçamos por momentos o ambiente que a rodeia - a greve geral de quinta-feira 24 de Novembro. Que não se dê importância aos sintomas de uma mudança latente, senão por demais evidente, quando no jornal se lê que "muitos dos que decidiram não fazer greve optaram por dar corda aos sapatos: foram a pé, de bicicleta, de skate e até de patins em linha". Parece-me exagerada a descrição, mas também isso pouco interessa. O contraste desta citação com outras de greves passadas, onde o recurso ao táxi e ao automóvel privado era descrito como solução para a falta de transportes públicos, é um sinal da mudança dos tempos.

Por vezes fica-nos a sensação de que a narrativa já está escrita antes mesmo da notícia ter sido produzida ou, até, dos factos que a sustentam terem acontecido. A notícia faz o acontecimento, o acontecimento não garante que se faça a notícia.

Ontem foi notícia que as bicicletas, os skates e os patins em linha substituíram os transportes públicos. Aparentemente, os táxis e os automóveis privados deixaram de ser solução. Desapareceram. Da notícia, entenda-se. Numa guerra de números de adesão à greve entre Governo e sindicatos, a notícia opta por eliminar qualquer número da sua leitura. Não interessa quantos táxis e automóveis nem quantas bicicletas.

Por isso foquemo-nos na imagem e esqueçamos por momentos o ambiente que a rodeia, já que nada podemos tomar como garantido pelo que nos é dado a ler.

Vemos três bicicletas no mesmo plano. Em Entrecampos, no final da ciclovia do Campo Grande. Para quem está atento às ruas, sabe que momentos como este vão acontecendo com maior frequência em Lisboa. Seria possível captar este "momento Kodak" há apenas alguns anos atrás nesta mesma cidade?

Assumindo que o fotógrafo Rui Gaudêncio não perdeu a manhã toda à espera de ciclistas, elogio-lhe este trabalho por captar o espírito do tempo actual. O que fica desta imagem, o que Roland Barthes poderia chamar o studium desta foto, é a evidência de haver mais bicicletas a circular em Lisboa. Hoje.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Agenda ciclista para o Outono/Inverno 2011-2012

Esta semana marca definitivamente o início da época de chuva. Os ciclistas de Lisboa não têm razões de queixa este ano dado o atraso significativo com que chegou o mau tempo, olhando para os padrões locais. Mas há várias razões para continuar a pedalar durante este Outono/Inverno!
Imagens como esta, até para o ano...

Já não é novidade para ninguém que, de ano para ano, o número de ciclistas em Lisboa vem aumentando. Tem sido assim ao longo da última década, pelo menos. Mas este facto não tira relevo algum aos sucessivos recordes que se bateram nesta Primavera/Verão de 2011, entre os quais se destaca a maior Massa Crítica de sempre realizada em Lisboa, com mais de 400 participantes. No dia-a-dia, só quem andou muito distraído poderá não se ter dado conta do incrível número de ciclistas a circular pela cidade, a todas as horas. Por mais que assistamos a um progressivo aumento de bicicletas em Lisboa todos os anos e que isso já não seja nada de novo, a verdade é que 2011 marcou provavelmente o início do boom que transformará esta cidade por completo. Não me lembro de assistir a um salto quantitativo tão grande como o deste ano.

Os novos colectivos e lojas que surgiram nos últimos meses dão expressão a esse aumento de ciclistas e à euforia que se vive em torno da bicicleta. Destaques para a Matilha Cycle Crew, que a par da estética apurada que aplica em tudo quanto faz, realizou um (primeiro) cycle brunch e uma Alleycat Race com direito à estreia exclusiva do documentário Fixation em Portugal. Esta Matilha tem vontade de mudar o mundo (palavras minhas, não deles) que se pode ver pela vontade de fazer acontecer coisas, várias, mas coisas com impacto e passíveis de motivar toda a gente à sua volta. Daí o nome Matilha ser, até agora, uma excelente e apropriada escolha.

Ao nível do bike business, a Primavera/Verão que agora acaba viu nascer mais uma loja, online por enquanto, que é fruto do trabalho de alguém que começou a andar de bicicleta em Lisboa e entusiasmou-se tanto que acabou por criar a Roda Gira. Histórias como estas tocam-me muito especialmente. Aos ciclistas, que também são consumidores, o meu conselho é: confiem sempre em alguém que 1º) começou a andar de bicicleta; 2º) entusiasmou-se; 3º) decidiu fazer algo com esse entusiasmo que servisse também os outros. Ninguém terá mais vontade de vos servir bem, enquanto clientes, que pessoas realmente envolvidas e implicadas na cena ciclista urbana. Se procuram bicicletas single-speed e fixed gear, a partir de agora podem contar também com a Roda Gira.

Gostava de poder falar mais sobre um outro novo espaço, o Rent a Fun situado entre os Bacalhoeiros e o Jardim do Tabaco. Ainda não o visitei mas há muita gente a gostar deles no Facebook. Alugam bicicletas eléctricas e têm serviço de oficina.

Finalmente, a Cenas a Pedal passou a ter um espaço em metros quadrados e não apenas Gigabytes! Fica na Avenida Álvares Cabral nº 38, onde também passaram a organizar nos últimos sábados de cada mês a Feira de Bicicletas Maduras, basicamente o primeiro mercado de rua em Lisboa dedicado à compra, venda e troca de material de bicicletas. Mais recentemente, começaram a ter sessões de cinema a seguir à feira, o Bicinema.

Para último deixei a Cicloficina dos Anjos porque merece o destaque da conclusão. A funcionar desde Março no espaço do RDA, esta Cicloficina inovou desde logo por tornar semanal o que até então se fazia em Lisboa apenas uma vez por mês e conseguiu com isso criar uma dinâmica nunca antes vista. Este é, sem dúvida, o espaço de encontro semanal da comunidade ciclista lisboeta. A colaboração com o RDA permite que haja cerveja, vinho e jantares vegetarianos a acompanhar o que se vai fazendo na oficina. Fazia falta um local de convívio assim e pessoas disponíveis para o dinamizar. A elas, especialmente, o meu obrigado.

Fica aqui um pequeno resumo de outras novidades e actividades já agendadas para este Outono/Inverno:

- The Pumpkin Ride - Alleycat race, 2ª feira 31 de Outubro no Cais do Sodré, organizada pela Matilha Cycle Crew.

- Bike Polo no ringue de patinagem do jardim do Campo Grande, todas as quartas-feiras à noite.

- Fertagus passa a permitir o transporte de bicicletas a qualquer hora, em qualquer sentido.

- Nova revista! B - Cultura da Bicicleta, nas bancas dia 2 de Dezembro.

sábado, dezembro 19, 2009

Bicicleta nos transportes públicos - o passo em frente da Carris



Bicicleta "Amarelo-Carris". Diferente de "Bike Bus" da Carris. Junho 2009

Apesar de já não ser uma novidade no momento em que escrevo, talvez haja ainda muita gente que não conhece o novo serviço da Carris: o Bike Bus. Depois de uma primeira experiência com um serviço tão limitado que o tornava quase impraticável (apenas 4 carreiras de autocarros só acessíveis às bicicletas aos fins-de-semana e feriados), em Agosto a Carris decidiu criar um serviço verdadeiramente útil ao ciclista do dia-a-dia (e não só aos utilizadores de fim-de-semana) disponibilizando o transporte de bicicletas em 6 carreiras de autocarros e (crème de la crème) durante 7 dias por semana!

As carreiras são a 21 (Saldanha - Moscavide Centro), 24 (Alcântara - Pontinha), 25 (Estação Oriente - Prior Velho), 31 (Av. José Malhoa - Moscavide Centro), 708 (Martim Moniz - Parque das Nações) e 723 (Desterro - Algés). Da minha experiência, posso dizer que esta última carreira é uma excelente alternativa para quem mora na zona do Restelo e Ajuda, que são zonas difíceis de alcançar em bicicleta sobretudo depois de um dia de trabalho.

Este novo serviço e os elogios que vários utilizadores de bicicleta lhe têm dedicado é a melhor resposta que a Carris poderia ter dado a este blogue, que ainda há poucos meses fora tão crítico para com a empresa noutro post.

Embora essa crítica diga respeito a outro assunto, que não sei até que ponto foi resolvido pela empresa, eu vejo ainda outras razões para celebrar e elogiar a Carris. O novo site é muito mais funcional e agradável, embora (e voltando à crítica) são precisos alguns minutos ou algumas visitas até ficarmos familiarizados com o formato. Ou seja, eu diria que o site é, mais do que user friendly, um use first, then become friends with. O mesmo pode ser dito de todo o design e simbologia do mapa da rede, também este com algumas melhorias recentes sobretudo ao nível da sua distribuição (alguns autocarros já o têm disponível numa das janelas) e simplificação (várias paragens têm agora um pequeno mapa apenas com as ligações das carreiras que por lá passam).

Nos últimos meses tenho sido um utilizador mais frequente da Carris (por vezes mais frequente do que gostava) e isso tem a ver com o último dos meus elogios: para quem usa Zapping como eu (afinal de contas sou um ciclista a maior parte do tempo e não se justifica pagar um passe mensal) a Carris tem uma enorme vantagem face ao Metro caso a nossa viagem de ida e volta demore menos de uma hora - só se paga uma viagem! Por isso façam as contas ao tempo que vão demorar a ir "tratar daquele assunto"...

Para mais informações sobre as condições de acesso das bicicletas nos transportes públicos de Lisboa, vejam aqui.


terça-feira, junho 02, 2009

Reclamação à CARRIS



A gerência do Bicicleta na Cidade recebeu há tempos um e-mail de uma ciclista a expor a sua situação: trata-se de uma utilizadora de bicicleta dobrável que, para evitar a subida acentuada num troço do seu percurso diário, utiliza uma das carreiras da Carris. Este post serve para dar a conhecer o caso desta ciclista que, suponho, não deve ser o único e tenderá a generalizar-se nos próximos tempos.

Uma vez que eu faço questão de publicitar as vantagens da intermodalidade bicicleta + transportes públicos e de divulgar as condições dos vários operadores em Lisboa, empenhei-me a escrever à Carris para obter um esclarecimento sobre as condições para o transporte de bicicletas dobráveis, algo que não está especificado pela empresa. Aqui segue um resumo da história e-mail por e-mail. Se não quiser ler tudo, salte a parte das citações e leia o resumo das conclusões no final.

A queixosa:

«Decidi comprar uma bicicleta pequena, que pesasse pouco, que se dobrasse, assim bem versátil. E consegui uma com apenas 10kg, roda 14, que se dobra toda e tem a possibilidade de ficar bastante pequena. Desta forma, poderia transporta-la nos transportes e ir até eles e até ao trabalho. Trabalho perto do Palácio Nacional da Ajuda e quer saindo na estação de Belém, quer saindo em Algés todos os caminhos são a subir... daí que me convém apanhar um autocarro e fazer um pouco de caminho de bicicleta.
Mas acontece que não conheço muito e gostava que me informassem sobre o transporte deste tipo de objectos nos autocarros públicos da carris. Dizem-me: " bicicletas aqui só aos fins de semana"; "não pode trazer aqui a bicicleta, se aparecer o fiscal a senhora é responsável"; "não pode trazer isso aqui, já viu aquilo ali? (e aponta para um letreiro que se encontrava por cima do lugar do motorista, que dizia que não era permitido transportar bagagens grandes). Quanto mais uma bicicleta!". Comentários deste género deixam-me bastante triste...e desanimada... Mas que hei-de eu fazer?
Não há coerência nos vários transportes. Na CP já não há qualquer tipo de problema e na CARRIS uns motoristas reclamam e outros não dizem nada.
(...) Quer dizer compro eu uma bicicleta bem pequenina para poder andar com ela nos transportes e vou ter que a arrumar como as outras?
Qual é a lei exactamente para o transporte destes veiculos nos transportes públicos?»

O pedido de esclarecimento à Carris:

«acabo de receber uma reclamação de uma cliente da Carris que teve alguns problemas com o transporte da sua bicicleta dobrável nos vossos autocarros. Como saberão, as bicicletas dobráveis, quando dobradas, ocupam o espaço equivalente a uma pequena mala de mão. No entanto, segundo a queixosa, as regras não são claras e estão sujeitas à interpretação dos condutores, permitindo-lhe o acesso nalgumas vezes e vedando-o noutras.
Deste modo, venho assim pedir o esclarecimento das regras da Carris para o transporte de bicicletas dobradas nos seus autocarros de forma a facilitar a escolha aos utentes que queiram fazer viagens partilhadas de bicicleta+autocarro, usufruindo das vantagens da intermodalidade nos transportes.


A resposta da Carris (pelo provedor do cliente):

«Encontra-se legalmente estabelecido (art.º 167º do Regulamento dos Transportes em Automóveis) que no transporte urbano a bagagem deve ser transportada nos lugares adequados e desde que, pelas suas dimensões e natureza, não incomode ou prejudique os outros passageiros ou danifique os veículos.

Assim, o transporte de bagagem de grande dimensão (do tipo volumes ou malas de viagem) não é compatível com a tipologia dos veículos urbanos da Carris e é susceptível de causar prejuízo ou incómodo aos restantes passageiros, nomeadamente no caso de veículos com ocupação significativa.

Assim, nos veículos da Carris apenas deverá ser transportada “bagagem de dimensão reduzida”, a qual deverá ser colocada preferencialmente nos locais a tal destinados (nos autocarros, normalmente sobre a roda da frente esquerda).

A título de referência, deve entender-se por “bagagem de dimensão reduzida” a que tiver as dimensões máximas de 55 x 40 x 20 cm.

A aplicação desta restrição de acesso é particularmente importante junto aos terminais de transporte pesado, particularmente no Aeroporto. Neste local, existem carreiras especialmente vocacionadas para o transporte de passageiros com bagagem: AeroBus (carreira 91) e AeroShuttle (carreira 96).

Esta restrição deverá ser aplicada com a conveniente flexibilidade, nomeadamente em caso de reduzida ocupação dos veículos em que não se verifique risco ou incómodo para os restantes passageiros.

Esta situação é decorrente de inúmeras reclamações de clientes que chegam por vezes a não ter possibilidades de ocupar lugares (bancos), ocupados com bagagem e pondo em causa a segurança de outros passageiros.

Relativamente ao transporte, como bagagem, de uma bicicleta dobrável será necessário perceber para além das características dimensionais que, segundo a informação, não ultrapassam as dimensões de uma pequena mala de mão, se existem outras características que possam pôr em causa a segurança e conforto dos restantes passageiros, tais como partes metálicas salientes.

Sendo objectivo dos condicionamentos ao transporte de bagagem a salvaguarda da segurança e conforto da generalidade dos passageiros, estão transmitidas aos nossos Tripulantes instruções no sentido de aplicarem estes condicionamentos com flexibilidade tendo em consideração a ocupação dos veículos.»

Já leu tudo? Se não, eu resumo: a Carris tem definidas as medidas máximas da bagagem que se pode transportar em qualquer situação (55 x 40 x 20 cm). Para todas as bagagens (e bicicletas) que ultrapassem estas medidas, a Carris deu instruções aos motoristas para serem flexíveis sempre que a ocupação do autocarro seja reduzida.

O problema para os ciclistas ávidos de intermodalidade com bicicletas dobráveis é que a excepção não faz a regra e não se pode contar com a benesse dos motoristas e da empresa numa base diária e muito menos num percurso casa-trabalho que exige horários apertados e pouca margem para "eventualidades".

Se eu fosse júri de um prémio de mobilidade em bicicleta para empresas de transporte teria este factor em conta para atribuir ou não um prémio (ei, espera lá...eu posso criar o meu próprio prémio mobilidade! E oferecer a minha simpatia e reconhecimento em troca). Não basta parecer que se é amigo das bicicletas; abrir uma excepção para as bicicletas dobráveis é sinónimo de ausência de uma política empresarial dedicada ao seu transporte.

Penso que todos os ciclistas compreendem as razões alegadas pela Carris no que respeita à segurança e falta de espaço e todos devemos concordar que a primazia deve ser dada ao transporte de passageiros e não de bagagens - primeiro as pessoas, depois os seus bens. No entanto, esta "flexibilidade" que pode parecer simpática (e é, mas não passa disso mesmo) cria uma espécie de limbo no qual os utentes não podem confiar, ninguém pode planear uma viagem com rigor em função dessa flexibilidade.

A solução, caso a Carris queira ser mais do que uma "entidade simpática" para os utilizadores de bicicleta (dobrável e não só), implicará criar regras claras e menos sujeitas às vicissitudes do dia-a-dia. E isso dá trabalho, ao contrário de abrir excepções quando os autocarros estão vazios, que é fácil. Já fizemos referência no Bicicleta na Cidade a uma solução que a Carris poderá adoptar, que facilita o transporte de bicicletas a qualquer hora - a instalação de suportes exteriores, como estes das imagens abaixo.









terça-feira, setembro 23, 2008

Semana Europeia da Mobilidade 08 - o balanço



Para fugir à euforia, por vezes desmedida, do anunciar de novas medidas de promoção ao uso da bicicleta na cidade, aqui no Bicicleta na Cidade decidi fazer um balanço a frio em vez de engendrar pelo mesmo caminho que os meios de comunicação generalistas, já que para nós a bicicleta é notícia o ano inteiro e não se resume a uma semana de Setembro - a da Mobilidade. As novidades para esta estação Outono-Inverno são várias, embora algumas só estejam disponíveis a partir da próxima Primavera-Verão.

Intermodalidade - veja todas as novidades em Condições de Acesso das Bicicletas aos Transportes Públicos - Lisboa

A CP, Comboios de Portugal, aboliu as restrições horárias nos comboios urbanos e criou carruagens identificadas para transportar as bicicletas. O Metro de Lisboa adicionou meia hora ao horário em que permite o transporte de bicicletas, sendo este agora a partir das 20h00 e até final da exploração, à 1h00. Nos barcos, a Transtejo e Soflusa aumentou a lotação permitida para 15 bicicletas na ligação Trafaria - Porto Brandão - Belém.

Na Carris não há novidades oficiais, embora tenha sido avançado por alguma comunicação social durante a Semana Europeia da Mobilidade que o serviço de transporte de bicicletas vai ser alargado a novas carreiras. Até agora ainda não apareceu informação no site da empresa a anunciar as novas condições.

Projectos da Câmara Municipal de Lisboa - ver mais aqui

A Câmara de Lisboa apresentou 3 grandes projectos para melhorar a mobilidade em bicicleta: uma rede de pistas cicláveis, uma rede de estacionamento para bicicletas na cidade e uma Rede de Bicicletas de Uso Partilhado, complementar à Rede de Transportes Públicos de Lisboa. A implementação de cada um destes projectos já começou e prolongar-se-á até final de 2009, sendo que a Rede de Bicicletas de Uso Partilhado tem inauguração prevista para Junho do próximo ano. Foi também anunciado que a Câmara Municipal de Lisboa vai oferecer aos seus munícipes cursos para aprender a circular de bicicleta em meio urbano, com o objectivo de aumentar os níveis de confiança na utilização deste meio de transporte em Lisboa.

Durante o próximo ano veremos de que forma serão aplicados estes projectos agora anunciados. O Bicicleta na Cidade prefere esperar para ver os resultados antes de embarcar na euforia dos anúncios de obras que ainda vão ser construídas e levadas a cabo. Até lá continuaremos a nossa linha de actuação: fazer documentário social directamente das ruas da cidade e dar a conhecer os ciclistas e os seus hábitos na Lisboa que temos hoje, sem todas estas facilidades agora anunciadas.


sábado, maio 10, 2008

Fim-de-semana no Bairro Alto

A Rua da Escola Politécnica, onde foi tirada esta foto, seria um paraíso para as bicicletas se o piso estivesse em melhor estado, entenda-se, com menos buracos e irregularidades. Isto porque permite ir do Largo do Rato até ao Bairro Alto, passando pelo Jardim do Príncipe Real entre outros locais de interesse, sem ter que subir as ditas colinas. Para quem vem do Marquês de Pombal, este percurso permite chegar ao Chiado e ao Largo Camões subindo apenas a Avenida Braamcamp, que não custa nada...mesmo para um principiante.

Os carris do extinto Eléctrico 24, que muitos querem ver reactivado (o que seria uma óptima ideia sobretudo para libertar o Eléctrico 28 da já sufocante e crescente procura turística) mantêm-se no local e não são um problema para os ciclistas desde que se tomem as necessárias precauções para evitar encarrilar a roda da bicicleta (atravessar com a roda a 40º dos carris). Aliás, os carris até podem vir a dar uma grande ajuda às bicicletas no futuro, se o Eléctrico 24 for reactivado e os responsáveis da Carris permitirem o transporte de bicicletas desde o Cais do Sodré, facilitando a subida da Rua do Alecrim até ao Chiado, da Rua da Misericórdia, da Rua de São Pedro de Alcântara...até chegar à Rua da Escola Politécnica. Pensem nisso, se estiverem a ler!

Para quem costuma sair à noite no Bairro Alto, a Rua da Escola Politécnica é uma óptima forma de lá chegar evitando a confusão do Chiado, do Metro e de quem procura lugar para estacionar o carro no Largo Camões. É também um óptimo local para estacionar a bicicleta - visível e movimentado q.b. sem se tornar excessivo como dentro do Bairro Alto.

Para quem gosta de usar capacete, o ciclista desta foto dá-lhe uma sugestão alternativa (de bom gosto!) ao formato mais standard desse objecto, para que possa usá-lo com estilo enquanto vai para o Bairro Alto, por exemplo.


segunda-feira, outubro 01, 2007

Transporte de Bicicletas em Autocarros: a opção da Carris

Aproveito para felicitar a Carris pelo novo serviço de transporte de bicicletas em duas carreiras da sua rede.
Quero, no entanto, deixar registado que existem diferentes formas de transportar bicicletas em autocarros. Faço-o não para criticar a opção escolhida pela Carris mas antes para divulgar uma outra possibilidade, que não é necessariamente melhor nem pior. Esta outra poderá, inclusive, vir a ser adoptada pela Carris noutras carreiras em que se coadune melhor com o serviço, seja devido a elevados índices de passageiros ou por constrangimentos inerentes à estrutura dos veículos.

Assim, além do transporte de bicicletas no interior dos autocarros, existem também suportes exteriores. Deixamos aqui alguns exemplos.

Condições de Acesso das Bicicletas aos Transportes Públicos - Lisboa

Última actualização: 26 de Outubro de 2011
Para saber mais, ver Intermodalidade: Bicicleta - Transportes Públicos

CP:
Gratuito sem limitações horárias. "Cada Cliente pode transportar apenas uma bicicleta".
  • Comboios Urbanos: "o transporte é autorizado exclusivamente nas carruagens identificadas para o efeito".
  • Comboios Regionais: "para poder transportar a sua bicicleta deve dirigir-se ao Operador de Revisão a quem competirá sempre emitir o seu título de transporte (do cliente) e garantir, ou não, o transporte do respectivo velocípede uma vez que o mesmo está sujeito a limitações do espaço disponível e da tipologia do material circulante que é utilizado" (ler mais).
Fertagus: Gratuito sem limitações horárias. "É permitido o transporte gratuito de Velocípedes nos comboios da Fertagus, todos os dias da semana, exceto quando se verificarem grandes aglomerações de Passageiros seja na plataforma, seja no interior do comboio. Neste caso os utilizadores de velocípedes deverão aguardar pelo final da aglomeração de Passageiros e respeitar as indicações que lhes sejam dadas pelo Pessoal da Fertagus para o efeito." (ler mais).

Metropolitano de Lisboa: Gratuito com horário condicionado. Nos dias úteis a partir das 20h00 e durante todo o dia aos fins-de-semana e feriados. "Só é permitido o transporte de, no máximo, duas bicicletas por carruagem e desde que não se verifiquem grandes aglomerações de passageiros" (ler mais).

Transtejo/Soflusa: Gratuito sem limitações horárias nas seguintes ligações:
  • Montijo - Cais do Sodré: lotação de 3 bicicletas
  • Seixal - Cais do Sodré: lotação de 3 bicicletas
  • Trafaria - Porto Brandão - Belém: lotação de 15 bicicletas. Nota: Na Trafaria para navios de classe Cacilhense a lotação é de 6 Bicicletas.
  • Barreiro - Terreiro do Paço: a lotação deste transporte é condicionada a 2 bicicletas entre as 06h30 e as 09h30, no sentido Sul/Norte, e as 17h00 e as 20h00, no sentido Norte/Sul. Fora destes períodos, a lotação é de 5 bicicletas.
Gratuito com horário condicionado nos dias úteis na ligação Cacilhas - Cais do Sodré. Este transporte não é permitido entre as 06h30 e as 09h30, no sentido Sul/Norte, e as 17h00 e as 20h00, no sentido Norte/Sul. Fora destes períodos, a lotação é de 3 bicicletas (ler mais).

Carris: Gratuito sem limitações horárias, com ligações condicionadas. Nas carreiras de autocarro 21 (Saldanha - Moscavide Centro), 24 (Alcântara - Pontinha), 25 (Prior Velho - Estação Oriente), 31 (Av. José Malhoa - Moscavide Centro), 708 (Martim Moniz - Parque das Nações) e 723 (Desterro - Algés). Cada autocarro tem capacidade máxima para quatro bicicletas (ler mais).

quarta-feira, setembro 19, 2007

Intermodalidade: Bicicleta - Transportes Públicos



Para saber mais, ver Condições de Acesso das Bicicletas aos Transportes Públicos - Lisboa

Umas das características mais vantajosas da bicicleta, entre outras, é a sua versatilidade. Como tal, ela permite transportar e ser transportada. Em distâncias grandes, terrenos acidentados ou simplesmente quando não nos apetece pedalar, podemos complementar a viagem com outro meio de transporte - comboio, metropolitano, barco ou autocarro.

A intermodalidade bicicleta-transportes públicos está em crescendo, permitindo cada vez mais combinações e em horários cada vez mais alargados, embora haja ainda muito que fazer para atingir uma situação ideal. A tendência dos dias de hoje é favorável aos ciclistas, mas a rapidez com que estas mudanças ocorrem depende, em parte, da adesão da população às facilidades criadas. Por isso, antes de desanimarmos é importante exigir melhores condições.

Quando se opta por articular a viagem com outro meio de transporte temos duas opções: levar a bicicleta até ao destino ou deixá-la estacionada junto à estação de partida. Se optarmos pela segunda, é importante deixar a bicicleta num local seguro - visível e movimentado - que nem sempre corresponde ao local definido para o estacionamento de bicicletas. Por exemplo, na estação de Metro do Senhor Roubado, em Lisboa, já foi reportado um roubo de bicicleta, precisamente num local de estacionamento com pouca visibilidade.

Se optarmos por levar a bicicleta connosco até ao destino teremos que enfrentar várias restrições, dependendo dos operadores de transporte. Isto no caso da bicicleta ser de quadro rígido. Em alternativa podemos optar por uma bicicleta dobrável, que é equiparável a uma mala, e deixamos de estar limitados aos horários e preços cobrados para o transporte da bicicleta.

Os diferentes operadores definem para si as regras para o transporte de bicicletas, o que origina uma multiplicidade de condições, horários e preços, que dificultam a tarefa ao passageiro-ciclista. Para facilitar um pouco a escolha de quem pretende levar a bicicleta, deixamos aqui as condições em vigor de cada um dos operadores de Lisboa.



quarta-feira, maio 16, 2007

Transporte de Bicicletas: horário alargado no Metro a partir de Junho. Carris avança no final de 2007

in Destak

Metropolitano de Lisboa alarga horário de transporte de bicicletas
15 | 05 | 2007 12.20H
O Metropolitano de Lisboa (ML) vai alargar, a partir de 1 de Junho, o horário de transporte de bicicletas, anunciou hoje a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB).

O transporte de bicicletas nas carruagens do metro é actualmente permitido nos dias úteis a partir das 21:30, passando para as 20:30 a partir de 1 de Junho, adianta a federação em comunicado. Aos sábados, domingos e feriados o transporte de bicicletas poderá fazer-se em qualquer horário.

«Estávamos a pedir para ser permitido a partir das 20:00, mas deram-nos as 20:30, o que já nem é mau», disse à agência Lusa José Manuel Caetano, presidente da FPCUB.

Manuel Caetano adiantou que a federação tentou «negociar aos poucos [com o ML], até que um dia se possa levar as bicicletas nos transportes públicos a qualquer hora do dia».

O alargamento do horário de transporte de bicicletas no Metropolitano de Lisboa poderá «fomentar o uso da bicicleta na cidade, ao facilitar o regresso a casa por articulação destes dois modos de transporte urbano», argumentou.

Segundo a FPCUB, «há mais de um ano que é permitido levar a bicicleta no metro, enquanto que por exemplo a Carris não dá essa hipótese»

Contactado pela Lusa, o secretário-geral da Carris, Luís Vale, anunciou que «partir do final de 2007 vai ser possível circular com bicicletas nos autocarros, através da adaptação dos autocarros ao transporte de bicicletas», implementando um «projecto experimental, em carreiras que sirvam zonas da cidade preparadas para a circulação de bicicletas em horário ainda a definir», disse.

Com Lusa

fonte: http://www.destak.pt/artigos.php?art=539