quinta-feira, outubro 05, 2006

De bicicleta para o trabalho: a bicicleta

À partida qualquer bicicleta serve para andar na cidade: montanha, corrida, híbridas e, claro, urbanas. O mais importante é que se sinta confortável com a sua bicicleta.

No caso de querer adquirir uma nova dirija-se a qualquer loja de bicicletas, não é necessário que seja muito especializada. Pense no tipo de uso que fará com a bicicleta: quantos quilómetros vai percorrer em média diariamente, o que terá de transportar consigo, quais as condições climatéricas prováveis, etc. Procure saber junto do vendedor a bicicleta que melhor se adapta a si e ao seu tipo de uso. Confira o tamanho do quadro, é essencial para que se sinta confortável.

Exemplos de bicicletas adaptadas à cidade

bicicleta híbrida

bicicleta montanha

bicicleta montanha adaptada

bicicleta dobrável

Algumas limitações

É provável que se depare com um problema comum em Portugal: terá à sua escolha um vasto leque de bicicletas de montanha e de corrida a vários preços mas pouca variedade de bicicletas urbanas ou híbridas. Pode dar-se o caso de encontrar apenas um modelo disponível em algumas lojas, mas não desanime e se não gostar do que a loja tem para lhe oferecer procure outra. Não desista nem se acomode a uma bicicleta se não se sentir totalmente satisfeito.

Não compre uma bicicleta de montanha apenas porque existem muitas na loja e o vendedor lhe recomendou uma, nem se deixe seduzir pelas bicicletas mais caras. Existem muitas BTT (Bicicleta Todo-o-Terreno) no mercado com preços para todos os gostos e é normal que lhe aconselhem a compra de um qualquer modelo porque, na verdade, não existem muitas alternativas, qualquer que seja a loja. As bicicletas de montanha adaptam-se relativamente bem ao uso urbano mas não são as mais indicadas para isso. Se optar por uma destas bicicletas, deverá ter em conta as seguintes questões:

Os pneus largos provocam maior atrito no asfalto e obrigam-no a fazer mais força ou a andar mais devagar. O relevo que esses pneus possuem está desenhado para aderir melhor a um piso irregular e de terra, mas são absolutamente desnecessários no asfalto, tornando a viagem desconfortável. Além disso, no que toca à resistência contra furos, a diferença não justifica a escolha. Os pneus de BTT são mais resistentes porque a probabilidade de se furarem também aumenta em condições mais adversas.

Os quadros das BTT podem ter algumas limitações se quiser colocar uma bagageira, para transportar carga na parte de trás da bicicleta ou à frente. O mesmo se aplica aos guarda-lamas, apesar de haver muita variedade de modelos para estas bicicletas, nem todos são suficientemente eficazes para protegê-lo, pelo que não é recomendável se quiser ir para o trabalho num dia de chuva.

As BTT e todo o material com que vêm equipadas estão vocacionados para uma utilização em condições extremas, trata-se de material de alta qualidade e na cidade não se justifica tal aparato. Os travões de disco, por exemplo, são caros e mais difíceis de afinar. Procure acima de tudo sentir-se confortável com a sua bicicleta e para isso não é preciso gastar muito dinheiro.

Mudanças

O número de mudanças que uma bicicleta deve ter depende muito de utilizador para utilizador. Numa cidade como Lisboa convém que se tenha algumas mudanças embora isso não seja de todo obrigatório, há quem utilize bicicletas sem mudanças em Lisboa. Qualquer bicicleta com 27, 24, 21, 18 e 16 mudanças serve na perfeição. As bicicletas com 5, 6 e 7 mudanças, que normalmente são urbanas, também servem perfeitamente. Existem ainda modelos com 3 mudanças para os quais há que ter em conta que exigem maior esforço do utilizador uma vez que possuem menos opções.

O princípio geral é que quanto mais mudanças tiver, mais opções possui. Mas demasiadas mudanças fazem pouca diferença e obrigam-no a percorrer vários discos para passar da mudança de arranque para a mudança em que circula mais depressa. E, acredite, não são precisas muitas mudanças para circular em Lisboa mesmo nas ruas mais íngremes. A escolha é sua!

Conclusão: acima de tudo, o conforto

O mais importante numa bicicleta para uso quotidiano é o conforto e isso depende de pessoa para pessoa. Procure ir de encontro às suas necessidades, procure sentir-se bem com a sua bicicleta e terá uma viagem muito mais agradável! Não é necessário comprar o último modelo nem a bicicleta mais cara, o meio urbano é pouco exigente.

10 comentários:

Anónimo disse...

... Quando vou a Lisboa opto por fazer os meus percusos a pé ... e já nessa circunstância deparo-me em determinadas zonas com falta de locais para passagem de peões ... o que condiciona a segurança ... não haverá igualmente um grande numero de problemas para que se circule em Lisboa de bicicleta em segurança?...
Situação que ocorre no resto país com estradas estreitas, cheias de curvas e de condutores incapazes de perceber que após uma curva pode ir um ciclista a baixa velocidade e o acidente pode acontecer a qualquer momento...
FORÇ'AÍ!
js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt

Ricardo Sobral disse...

Existem sem dúvida vários problemas em Lisboa para se circular de bicicleta, estamos longe de uma situação ideal.
No entanto, a questão da segurança é um pouco mais complexa e tem duas vertentes fundamentais: o HARDWARE e o SOFTWARE.
A primeira tem a ver com a requalificação do espaço público na cidade, que é uma competência das autoridades locais e nacionais, para que a prioridade em Lisboa seja a circulação das pessoas e não dos automóveis. A vertente do software diz respeito à atitude das pessoas, nomeadamente a dos automobilistas para com os demais. É necessária uma mudança de atitudes mas esta passa sobretudo por aprender a conviver com outros meios de transporte.

A diversificação dos meios de transporte numa cidade obriga TODOS a tomar mais atenção e reduz o poder de alguns sobre os outros (no caso de Lisboa, os carros tendem a perder poder e os ciclistas e transeuntes a aumentá-lo). Resumindo, o hardware é competência administrativa enquanto que o software depende apenas de cada um de nós.

Pessoalmente sinto-me menos respeitado quando circulo a pé do que quando vou em bicicleta, mas o hábito também me fez perder o medo do trânsito. Acredito que é andando de bicicleta que as coisas podem começar a mudar e não ficando à espera que aconteçam. Eu e todos os que diariamente circulam de bicicleta em Lisboa, que são cada vez mais.

Obrigado pelo comentário!
Ricardo

Anónimo disse...

já fui algumas vezes de casa para o trabalho de bicicleta, desde o norte da Amadora para o Marques de Pombal, utilizando o metro. pequeno percuso bicicleta até ao metro. dobro a bicicleta. apanho o metro. chego ao marques. monto a bicicleta e novamente um pequeno percurso atá ao local de trabalho. espero ver mais notícias neste blog.

sgs disse...

olá ricardo,
ando a tentar comprar uma bicicleta de cidade e vim parar a este blogue. Gostava imenso de ir de bicicleta para o trabalho. è um percurso curto (Laranjeiras - Gulbenkian) mas tão cheio de trânsito que me assusta um bocado fazer-me à estrada. Normalmente venho a pé e na zona dos cruzamentos já é suficientemente difícil!
Quanto à bicicleta que procuro nado bastante dividida. Na verdade gostava de uma pasteleira com algumas modernices (suspensão, mudanças) mas parecem-me sempre extremamente pesadas (20 Kg pesa a Elops na Decathlon). O que me aconselhas?

susana

Ricardo Sobral disse...

As bicicletas da Dechatlon são boas, regra geral. 20 kilos talvez seja um pouco excessívo mas não me parece ser problemático para uma utilização na cidade e nomeadamente no trajecto que pretendes fazer. As pasteleiras são mais pesadas mas são muito confortáveis na cidade, sobretudo se tiverem mudanças e suspensão (importantes acessórios para andar em Lisboa).

Quanto ao trânsito e à segurança (tenho um post em preparação sobre isso) é normal que não te sintas muito à vontade no início. Se preferires segue pelo passeio em alguns troços. A confiança vai-se adquirindo aos poucos, com a experiência. O maior perigo julgo ser o nosso medo e desconhecimento. É como conduzir um carro pela primeira vez: não estamos seguros de qual é o nosso lugar na estrada, andamos um pouco perdidos. Mas tudo se aprende!

Boas pedaladas!
Ricardo

Anónimo disse...

Há mais de quatro anos que me desloco para o trabalho diariamente de bicicleta. O meu veículo é o da terceira fotografia. O que tem autocolantes da Suzuki, KTM e outros. O percurso não tem mais de 3 km’s e poucas subidas, mas por vezes uso a bicicleta para ir mais longe tratar de qualquer assunto e com os meus 48 anos posso garantir que uma bicicleta de montanha tem a sua influência. Tenho outra bicicleta para além da que aparece na fotografia cujo preço foi quatro vezes superior. Concordo que a diferença monetária não justifica, mas fazer a Calçada da Estrela nesta última não tem comparação. As mudanças entram com outra suavidade, a bicicleta é mais leve, mais equilibrada mas também mais resistente. Não desafina com a mesma frequência, não necessita de tantos “apertos”. Se a cidade fosse plana e os condutores de automóveis fossem holandeses, eu escolhia uma bicicleta qualquer com 3 velocidades e um cesto, mas por vezes tenho de subir à Graça, muitas ruas são de paralelo e com linhas de eléctrico, é frequente ter de subir passeios ou ás vezes descer escadas, pelo que a minha escolha vai para uma bicicleta de montanha de qualidade intermédia, se possível com dupla suspensão, boas luzes, guarda lamas, e mochila às costas com luvas de borracha descartáveis, câmara de ar suplente, remendos, e kit de ferramentas daqueles de bolso para os azares.

Gonças disse...

Vivam
Eu concordo com o q é aqui dito. E depois de ler o comentário do Pedro Pereira lembrei-me de um outro pormenor que possa fazer a diferença:

- Não ando com mochilas às costas: Fazem suar mais e aplicam forças desnecessárias às costas e rins. Prefiro prender uma mochila ou saco ao porta-bagagens.

- Existem pneus e camaras de ar que são anti-furo. Nunca tive grandes azares com furos, mas estou sempre a pensar se me acontece um a caminho do trabalho, já bastante atrasado! Havendo um bom produto com relação preço/qualidade aceitável é capaz de ser bom investimento!

É tudo uma questão pessoal..desde que ANDEM DE BICICLETA por mim está tudo bem ;o)
Boas pedaladas!
Gpais
http://mafynbach.blogspot.com/

Anónimo disse...

Pedro Santos

Boas! Gostei de me "encontrar" com este Blog! Está espectacular!

Ora bem ...eu como praticante de BTT tenho como é lógico uma bicicleta para esse efeito e por preguiça ou falta de coragem nunca a levei para o trabalho! O que é uma estupidez...pois quem paga 15/20€ para fazer maratonas de 50km ...supostamente está apto para fazer os trajectos para o local de emprego. Finalmente na semana passada decidi levar a bike para o trabalho em vez do carro e só digo: MARAVILHA! e já o devia ter feito à mais tempo! Gastava uma média de 15 a 20 minutos com o carro no trajecto: Damaia- Lumiar...e que em transportes públicos deve demorar 30 minutos ou mais (não tenho bem a certeza).De Bike levo quse sempre 25 minutos a andar nas calmas e pouco suados, pois é possivel escolher um trajecto um pouco mais plano. De mencionar que adaptei um pouco a bike ....com as luzes de frente e trás, importantissimo para o regresso, com guarda lamas à frente ( atrás ainda tenho que comprar) e ainda montei uns pneus de estrada mas roda 26 para facilitar o "rolar" da bicicleta! Assim fiquei contente com ela e com as minhas deslocações! Há bikes mais confortáveis como foi dito aqui e muito bem...mas como os €€€€ não dão para tudo adaptei-me ! AHHHH de referir que já consegui convencer um colega de trabalho que para a semana já vai comigo....e outro ainda que agora vê esta alternativa económica com bons olhos e vai comprar uma bike baratuxa para as suas deslocações!
Grande abraço e vou seguindo este espaço! :)

SANTOS [moderador]-www.projectobtt.com

Anónimo disse...

CHEGAR TRANSPIRADO AO EMPREGO
Sobre a bicicleta e a cidade de que também sou adepto. Queria fazer uma chamada de atenção para as condições no local de trabalho.
Eu explico:
È muito bonito ir de casa para o trabalho de bicicleta, mas já não é tão bonito chegar transpirado ao emprego, o que na nossa cidade e clima é o mais certo se o percurso for de alguns quilómetros.
Só se poderia fazer se no local de trabalho fosse possível tomar um duche.
como na esmagadora maioria dos casos isso não é possível, o uso da bicicleta fica limitado

Luis Parro disse...

Boa tarde,
Desde o dia 1 de Julho que faço parte deste grupo que vai trabalhar de bike. O meu trajecto tem duas partes:
1ª dificil: Miratejo - Cacilhas(5Km)
Transito elevado e tem de se ir com muita atenção
2ª fácil: Cais Sodré - Alcantara
Ciclovia maravilha á beira-rio
Á tarde a coisa muda de figura, pois óbviamente é o inverso.
O fantástico disto tudo é que para além de contribuir para um planeta melhor, para uma saúde melhor etc...etc...em vez de pagar 80€ de passe, passeia pagar só 13,50 € do passe do barco, a "fininha" vem á borla.
E depois encontra-se pessoal biker para umas corridas, Cacilhas -Laranjeiro
Aconselho a todos, fiquei fan...