Quando se circula na estrada de bicicleta, a forma mais segura de viajar é pensando e agindo como um automobilista.
Muitos ciclistas quando começam a andar na cidade optam por circular pelo passeio porque se sentem mais seguros ali do que na estrada. Esta situação resulta de um medo generalizado que tanto peões como os novos ciclistas têm dos automobilistas, medo esse que é em parte alimentado pela comunicação social ao confrontar-nos sistematicamente com acidentes por todo o país.
É verdade que os carros circulam muitas vezes em excesso de velocidade e com uma condução pouco defensiva dentro das cidades. Porém não podemos, nem devemos, partir do princípio que os automobilistas querem passar por cima dos ciclistas. A maior parte das vezes em que os carros circulam em excesso de velocidade acontece quando têm a estrada só para eles, ou seja, quando não há motas nem bicicletas ou pessoas a circular nem carros a entrar ou a sair do estacionamento.
Nas situações em que os automobilistas são obrigados a partilhar a estrada com outros meios de transporte a solução mais comum é recorrerem abusivamente aos sinais sonoros (buzina) em vez de atropelar os demais, o que pode ser mau para os nossos ouvidos e boa disposição mas é incomparavelmente melhor que ser atropelado.
Além do mais, a circulação da bicicleta na estrada está contemplada pelo Código da Estrada, que também obriga a circular com a bicicleta à mão quando seguimos pelo passeio. Não nos podemos esquecer, portanto, que de um modo geral as bicicletas têm os mesmos direitos e responsabilidades que os veículos motorizados.
Circular de bicicleta no passeio pode parecer mais seguro para o ciclista mas é sem dúvida mais perigoso para o peão, além de nos obrigar a circular mais devagar e a desviar de inúmeros objectos, como sejam sinais de trânsito, árvores, caixotes de lixo, etc. Além disso, a movimentação de um carro é sempre mais previsível que a de um peão, para quem é fácil virar 90 graus enquanto que um carro necessita de mais espaço de manobra para o fazer e demora mais tempo, além de assinalar com luzes a sua intenção (idealmente).
Uma vez explicadas as vantagens, direitos e deveres dos ciclistas a circular na estrada ficam aqui algumas dicas de segurança essenciais:
· Mantenha uma distância de segurança da berma – apesar do Código da Estrada obrigar a circular o mais à direita possível, um dos acidentes mais comuns com ciclistas urbanos é a colisão com a porta de um carro. Sempre que haja carros estacionados na berma evite ser surpreendido por uma abertura de porta súbita.
· Seja visível – além do uso de reflectores e de luzes quando necessário, se circular pelo centro da faixa de rodagem (ou entre o centro e a berma) será mais visível para os automobilistas ao mesmo tempo que os obriga a ultrapassarem-no, em vez de passarem por si como se não existisse. O princípio é ocupar a estrada para garantir a sua segurança. Poderá ser gentil e ceder espaço a um automobilista de modo a facilitar-lhe a ultrapassagem, mas não ponha a sua segurança em causa!
· Seja previsível – mantenha uma linha recta em vez de ziguezaguear. Ao ter uma condução assertiva será mais fácil para os automobilistas perceberem as suas intenções, logo estará a contribuir para um aumento dos níveis de segurança. Por isso, não se deixe intimidar por uma buzinadela e não se jogue de imediato para a berma. Assuma e reclame o seu lugar na estrada.
· Seja comunicativo – comunique as suas intenções sempre que quiser virar ou parar, através de gestos. Use o contacto visual para esclarecer situações de prioridade ou evite-o se preferir ter uma atitude altiva, tal como fazem muitos automobilistas...
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